quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Uma historia de balão...

Conta me uma historia…


Era uma vez uma menina bonita.
E mais?
Querem saber? Conheceu um rapaz…
E mais?
O rapaz não tinha mãos nem pés…
E tinha olhos para ver? Nariz para cheirar? E ouvidos para ouvir, tinha?
Sim, tinha. Mas ninguém gostava dele a não ser a menina. Não tinha trabalho e vivia na rua…
Mas, não tinha frio. Ficava sempre enroscado com o seu cão, sempre bem perto da fogueira. E, tinha as estrelas. Elas aqueciam-lhe a alma.
A menina, essa aquecia-lhe o coração. Só que, não havia nada que lhe desse conforto e que matasse a fome do rapaz.
Um belo dia, a menina e ele encontraram-se e falaram. Ele não percebia as palavras dela, mas sabia entende-la melhor que ninguém. Não se lembra do que falaram, mas nunca irá esquecer aquela conversa.
As horas e os dias foram passando e a solidão apoderava-se do rapaz. Numa manha, a menina, loira de olhos cor do mar, muito envergonhada e com muito receio do senhor rapaz, aproximou-se dele e ofereceu-lhe comida. O nome dela era Diana Tatão.
Depois, a menina correu para bem longe. O rapaz pensou que ela se tinha ido embora, para sempre. Mas, a menina, apenas se tinha ido esconder por detrás da arvore dos segredos, para observar o senhor comer, ate o sol se por.
Ela gostava dele, apesar de tudo, ela gostava. Só não queria dizer, tinha vergonha.
Ao amanhecer do outro dia, Diana foi acordada por um beija-flor, que lhe sussurou ao ouvido: “ tenho uma surpresa para ti, vem comigo”. De pijama e olhos ensonados, a menina seguiu o beija-flor por entre as flores do jardim.
Quando lá chegou, encontrou a casa do senhor rapaz a quem tinha dado de comer. Impressionada, perguntou ao beija-flor o porque de a ter levado ali.
O passarinho sorriu, mas não lhe respondeu. Não queria estragar a surpresa que ainda estava para vir. Diana foi então novamente guiada, desta vez ate ao interior da cabana. Quando entrou, viu que as condições não eram as melhores, mas havia algo que tinha chamado a sua atenção… parecia…o rosto de alguém. Alguém de quem o rapaz gostava.
Nesse momento, o passarinho perguntou: “ não te reconheces?”
Tatão ficou emocionada, pois só nesse momento se apercebeu que estava a olhar para um espelho.
Assustada, a menina sorriu por entre as lágrimas, virou costas mas não conseguiu ir embora. O jardim e a cabana estiveram sempre ali e ela nunca se tinha apercebido.
Feliz, beijou a cabecinha do beija-flor e saiu para o jardim, onde ficou com o sol a bater-lhe nos cabelos amarelos. O penas coloridas seguiu-a e calmamente perguntou o porque do medo nos seus olhos. Diana respondeu: “ não sei…o espelho tinha algo de magico”. Ao qual o pássaro responde:” tens razão, já te devia ter contado. O espelho só reflecte as pessoas a quem o menino ama..”
A menina não acreditou nele. Não gostava da imagem que o espelho reflectia.
Perguntou-lhe então quantas pessoas conheciam aquela cabana…:” tu foste a primeira a entrar nela. Normalmente ninguém vem porque pensam que esta abandonada…sei também que o rapaz gosta de ti, porque é o teu nome que ele chama, por ti respira e por ti suspira..”
As árvores agitaram-se mas o beija-flor acabou de palrar.
“ Mas, porque é que ele não fala? Porque nunca me disse e nunca me trouxe aqui?”
A menina tinha tantas perguntas para fazer…
“ Tem calma. Sabes, ele tem medo que não queiras saber dele”
Depois, levou a menina ate ao rapaz tímido e desengonçado. Ela, com vergonha, olhava para o chão de mãos nos bolsos. Ele, pegou na mão dela e levou-a para a cabana magica, onde lhe revelou o quanto gostava dela e a aninhou no seu colo para ela não ter mais medo.


A nossa primeira historia juntos:)


por: Diana Tato & André Reina


Fim adaptado por: Ines Andrade

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Renascer



Brincava.

Fiz que brincava e brincava que fazia.
Brincaram.

Brincaram mais do que faziam que brincavam.
Brinquei.
Fiz que não quis mais. Não quis mais fazer que fazer que queria.
E, de repente, não queria mesmo!
Tão embrenhada em me fazer querer brincar que não reparei que podia não ter que me fazer querer.


Fénix…


Di*


texto e foto:

Diana Tato

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Daltonismo ( diana)

Quando o extra-textual é mais importante que o contextual.
A imaginação só encontra limites
nas margens da folha de papel,
e se surpreende com a reacção elipticamente estúpida
da correcção do Word.
Porque o cheiro do papel me persegue,
e porque a tinta não consegue sobreviver
nos rios das minhas mãos.
É o sonho que é tudo.
Di*

domingo, 18 de janeiro de 2009

Ancora ( Diana)




O lugar onde o coração se esconde


é em dezembro o SOL CORTADO PELO FRIO


e à noite as luzes a alinhar o rio..




O lugar onde o coração se esconde


fica no norte e é Vila do Conde






"in, Portugal Sacro-Profano (Ruy Belo)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Cicatriz ( diana )

Rasgo-a.
Faço de conta que não é minha. Que não está em mim.
Queimo-a.
Sinto o calor do fogo gelado chegar bem perto da minha pele.
Parto-a.
Vejo um mundo verde, distorcido, através daquele redondo fundo de garrafa.
Ouço-a.
Como passos que na noite me perseguem. Como escroques, cansados do ócio do dia a dia.
Sinto-a.
A força de mil homens insignificante a cada sufoco de respiro.
Por fim,
Aceito-a.
Como fado.
Como sina.
Como historia.