sexta-feira, 31 de outubro de 2008

manhãs frias...

por Inês Andrade

Há algum tempo que nao escrevo um post. os textos cessaram porque findou também a histeria inicial de viver num novo cenário, com novos movimentos, novas pessoas, novas paisagens, encantadoramente tentadoras.
Com o passar do tempo apercebi me como algumas pessoas recorrem à fuga para se encontrarem e outras perdem-se quando longe do refúgio.
Em roma, o ritmo frenético dos 6 milhões de pessoas tornam a cidade quente e abafadora, mesmo quando chove, não há espaço para os aromas lusos tão familiares: o perfume queimado das lareiras nos primeiro dias de novembro, e o orvalho telúrico das chuvas, tão típico.
Antes de regressar ao meu país, tudo em itália me parecia negativo, cada caminhada, passeio, refeição ou programa merecia um olhar depreciativo da minha parte. amei platonicamente Portugal durante 2 meses.
Agora que aqui estou, o amor é genuíno, porque vivo os pormenores da minha terra natal com calma.
Tenho saudade de roma, talvez tenha saudade de mim em roma, como também sentia falta da inês que sou em no Porto.
Se calhar em roma, descobri qual o melhor de mim no Porto, como agora que aqui estou foi me apresentado o melhor de mim em Itália.
Desafiante é conjugar as duas faces desta descoberta. não quero voltar para Itália, mas também não quero sair de lá.
A diana tem razão, roma tem segredos, o Porto não tem, porque no Porto as coisa boas são explícitas. em roma guardamos só para nós os detalhes da cidade que nos fazem aguentar a distância, que fecundam a nossa introspecção, o diálogo intrapessoal que não temos no Porto, porque já o damos como garantido, é demasiado nosso.
Os meus segredos são simples.
Os cafés da Amália. irónico, buscar a protecção de uma personagem tão prosaica, como uma empregada de café, que coincidentemente possui um denominador comum com Portugal, o nome.
Os floristas abertos toda a noite, nas avenidas escuras dos arredores romanos, iluminam as esquinas com girassõis, rosas e orquídeas, para presentear amantes nas madrugadas.
A linha do 87, que apelidamos carinhosamente do autocarro turístico, que me acaricia pela manhã com as melhores visões de roma
Os gelados, são quase como a realização dum desejo infantil, sabores que, secretamente, sempre esperamos que existissem, e afinal existem mesmo
imprevisibilidade da cidade, quando já pensamos que vimos tudo o que de importante há para ver, presunção nossa, ela mostra nos uma paisagem nova, quase sorrateira, de tao descontextualizada, mas que arranca um sorriso de conforto
Por fim, os testes a nós mesmos, não é uma característica directa de roma, mas que desencadeia acontecimentos só possíveis lá.

desvendem os vossos segredos

inês

sábado, 4 de outubro de 2008

diana e inês dizem:

Pedimos a todos os CANI (comentários anónimos nao identificados) que se identifiquem :)
Este pedido é especificamente para os seguintes comentários:

crystal eye
gina lol. a frigida
anonimo

Obrigada pela colaboração

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Quem me dera a mim (mariana)

Quem me dera a mim ter chegado ao Brasil em 2000... Não por o bater dos corações e batuques ter nesse ano se sintonizado de um jeito de tal forma arrepiante que até o Cristo Redentor sentiu ciúmes, ou porque a silhueta dos corpos morenos na contra luz do por do sol das praias de Ipanema foi, na entrada desse novo ciclo, o ponto de fuga "boca e aberto" de milhares de fotografos de todo o mundo, mas por e simplesmente porque nesse ano (como poderia ter sido noutro qualquer) o Zuco compûs uma música intitulada de "Brasil 2000".
Longe do sopro de letras de Vinicius ou dos reencontros de Tom Jobim seria para mim já muito satisfatória a possibilidade de reunir no momento da minha ida um conjunto de encaixes de mãos, pés, boca e jogo de cintura como os de Zuco.
A única coisa que me ocorre demais dizer sobre o Brasil é que a cada esquina dobra-se uma nova pauta, a cada nascer do sol um novos pés aprendem a rodopiar e mil e uma voz a gritar que, sem dúvida: "O Rio de Janeiro continua lindo!"