Entra de repente. Como um vagabundo que se esgueira, sorrateiramente, no escuro, e nos rouba tudo. A força, o sorriso, o dia seguinte. Já não há mais segredos. O brilho foi ofuscado, aos poucos, pelas luzes de natal, espalhadas pelas ruas. Os meus instintos de resistência estão reduzidos a pó. Restam apenas os mais primitivos, que me guiam, mecanicamente, pelas horas infinitas.
O perto parece longe, e o caminho esta cheio de emboscadas. É o cheiro, é o sorriso de alguém idêntico a um de mim, é uma força de quatro patas. É tudo. É ate a buzina de um carro. É uma viagem ate vos, e um regresso doloroso ate mim.
Fecho os olhos, com muita força, ate me doerem. Desejo que alguém os morda, para ser uma dor ainda mais real. Desejo vos como em criança desejava ser uma grande mulher, rica e feliz. Desejo vos como não desejo nada, ninguém.
Não é real.
Abro os olhos. Não doeu nada. Fecho os novamente.
Só voltarei a abri-los quando me sentir no meu ninho.
Já não falta tudo, mas falta o infinito
Di*